Neurodiversidade e Aniversários

Ontem fui convidado para uma festa de aniversário, em que uma pessoa muito importante faltou: o próprio aniversariante.

Adivinhou: o sujeito em questão está no espectro autístico.

Ligou para reiterar o convite, mais cedo, e ficou do outro lado da linha:

— Ei!

— Alô, como vai, amigo? — eu respondi.

–Oi!

— Pode falar, o que você deseja?

— Hein!

— Imagino que queira reiterar o convite para o seu aniversário.

–É. Fale aqui com ela. — e passou o telefone para a mãe.

A mãe reiterou o convite. Na hora do aniversário, os amigos da Casa da Esperança estavam, alguns professores mais queridos, o jantar estava ótimo. Só faltava o aniversariante.

Segundo a sua irmã, ele ficou ansioso para preparar a festa, mas as horas foram passando, e a ansiedade chegou em um pico tal que ele exclamou:

–Eu é que não vou ficar nesta festa!

Calculou que a festa já estaria terminada às dez horas, ou cansou de ficar na rua. Cálculo errado, hora de descansar adiada: ainda estávamos lá. Detalhe: a festa foi realizada a pedido seu.

De tudo me fica apenas a impressão de que a maior homenagem ao aniversariante foi permitir que ele curtisse a sua festa a seu modo: oferecendo aos amigos um banquete no qual ele não estaria presente. E ainda teve espaço para quinze minutos finais em que deu o ar da sua presença, felicitando a todos, e agradecendo a presença.

Isso é que é sociabilidade!

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